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Na pandemia, renda familiar é a menor em 10 anos; alimentos acumulam 40% de reajustes

Nos últimos 12 meses, a inflação oficial do Brasil chegou a mais de 10%. Ao mesmo tempo, recursos básicos para a sobrevivência acumulam reajustes maiores. No casos dos alimentos, os preços tiveram alta de 20% desde outubro do ano passado. Ao todo, diante toda a pandemia, os valores acumularam 40%.  As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

No campo do trabalho, ao contrário das publicações de novos postos ocupados divulgados pelo governo federal nessa semana, o desemprego tem alavancado no país e impactado diretamente na renda das famílias mais pobres. Na metade mais carente dos brasileiros, o rendimento familiar nos últimos dez anos retrocedeu 26,2%. O resultado, levantado pela FGV Social, não inclui os programas de transferência de renda como o Bolsa Família ou o auxílio emergencial.

Na pandemia de Covid-19, o mesmo estudo aponta que a renda per capita, também entre a metade mais pobre, chegou a R$172, o menor valor em mais de uma década. Antes da pandemia, o valor era de R$210, 18% a mais.

Ainda sobre desemprego, a pesquisa da FGV revela que que a desocupação dobrou de 2014 a 2019. Na pandemia, voltou a subir 8,5 pontos, representando um acumulado de aproximadamente 30% desde 2014. Neste contexto, cenas de miséria se espalham pelos estados.

Perspectivas difíceis

Para Andre Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), em entrevista a Folha de S. Paulo, a crise dos combustíveis impacta perversamente necessidades como alimentação e mobilidade.

“A gasolina pode até ser considerada bem de ‘luxo’ para os mais pobres. Mas o diesel [+35% de alta neste ano] é perverso, pois contamina tudo, de hortaliças ao transporte público. Com o dólar em alta, a tendência também é que mais alimentos sejam exportados, pressionando preços aqui”, declarou para o jornal paulista.

No caso do botijão de gás, este insumo teve alta de 30% só neste ano, e mais 15% desde o início da pandemia de Covid-19. Com isso mais famílias tem optado por usar lenha, o que produz acidentes domésticos com queimaduras.

Economistas apontam ainda que para os preços se estabilizarem ou diminuírem nos próximos meses, a atividade econômica deve sofrer ainda mais, como aconteceu a partir de 2015, quando a inflação oficial (IPCA) cedeu de 10,67% naquele ano para 4,31% em 2019.

Em 2015 e 2016, o PIB brasileiro afundou 7,2%; e o Banco Central aumentou a taxa de juro Selic para 14,25%. Atualmente, a alta nos juros enfrentam um cenário de maior vulnerabilidade socioeconômica do que seis anos atrás.

De acordo com Guilherme Moreira, coordenador do IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), “existe a falsa impressão de que os mais ricos sofrem tanto quanto os demais. Mas, para uma família muito pobre, 20% a mais no preço da comida significa passar fome”, disse em entrevista a Folha de S. Paulo Segundo estratificação do Datafolha, 57% das famílias brasileiras atravessam o mês com menos de R$ 2.200. Mas a renda é muito menor para a metade mais pobre.

De acordo com a FGV Social, 27,4 milhões de brasileiros estão na miséria, ou seja, 13% da população vive com menos de R$261 mensais.  Além disso, ao passo em que o desemprego para as camadas paupérrimas dobrou desde 2014, entre os 10% mais ricos, alterou-se em somente 1% no mesmo período, segundo a FGV Social com base nas PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) anual e trimestral. “Infelizmente, desta vez, já sofremos de dois males simultâneos: inflação e desemprego muito elevados”, declara Marcelo Neri, diretor da FGV Social, ainda segundo a Folha de S. Paulo.

Fonte: A Tarde

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